MONTAR UMA ESTAÇÃO CB

INTRODUÇÃO – Esta secção do site não se destina apenas àqueles que pretendem montar uma estação de raiz. De facto, pretende também ser um manual de ajuda a quem já tem uma estação de CB e talvez encontre nestas linhas algo de útil.

VAMOS COMEÇAR – Antes de começar já a comprar o que quer que seja, há que pensar em o que pretendemos “construir” e quanto dinheiro queremos ou podemos gastar. Se se vai iniciar em CB talvez seja melhor não fazer à partida grandes investimentos. Pode, daqui a algum tempo, chegar à conclusão que afinal não era bem isto que esperava ou pretendia e ficar com todo o material “metido na gaveta”. Portanto se é iniciado não se precipite em compras de que se pode vir a arrepender.

FIXO OU MÓVEL? – A resposta a esta pergunta depende do que pretende fazer no domínio da CB. Se a intenção é apenas usar o emissor na viatura móvel é o mais aconselhado. Além disso, pode usá-lo na base caso o deseje (usando uma fonte de alimentação e uma antena de base) , e é menos dispendioso que uma base. Para os iniciados recomendamos mesmo que apenas se limitem a este tipo de instalação até terem a certeza de que querem continuar na banda. A estação de base é mais volumosa e menos versátil que a de móvel, mas em compensação “adapta-se melhor à mobília”, isto é, à estética do interior do vosso lar e dispensa a fonte de alimentação, que já vem incorporada, e com variadíssimos melhoramentos como programação automática, scan, sleep, etc…As estações de base são consideravelmente mais caras que as de móvel.

QUE ANTENA ESCOLHER? – Talvez até mais importante que a escolha do emissor-receptor é a escolha da antena. Uma antena de fraca qualidade, baixo ganho e de baixo comprimento de onda aumentam as limitações da estação, para além da própria localização onde a mesma se encontra montada. A escolha começa pelo comprimento de onda que se quer. Em móvel pode ter-se a tentação de adquirir uma antena de grandes proporções afim de favorecer o rendimento da estação móvel. Mas convém considerar que os riscos de quebra mecânica e deformação da antena aumentam da mesma forma. Contudo, uma antena pequena, de 1/4 de onda, também limita consideravelmente o rendimento.

Portanto, deverá o amador hierarquizar os parâmetros de rendimento, volume, estética e de preço em função das suas necessidades e gosto pessoal. Em base, a questão da dimensão da antena já não é tão relevante, uma vez que este tipo de antenas destinam-se a montar no telhado do edifício. Colocam-se, no entanto, problemas de fixação mais específicos.

NOTA SOBRE O GANHO DA ANTENA – A propósito de antenas fixas, fala-se muitas vezes da noção de ganho de antena, expresso em DB (décibeis). Trata-se da sua capacidade para irradiar mais numa determinada direcção e, simultaneamente, de captarem mais energia de HF em função da proveniência do sinal. Na prática, esta noção respeita sobretudo às antenas polarizadas horizontalmente e orientáveis (directivas). O material de tipo “beam”, de vários elementos, pode assim atingir um ganho de mais de 10 DB. Dizendo de outro modo, uma antena de um ganho de 6 DB receberá uma tensão duas vezes mais elevada que uma de 1/4 de onda servindo de referência.

O CABO COAXIAL – A antena e o emissor-receptor são ligados entre si por um cabo de dois condutores, um para a massa e outro para o sinal de HF. A massa envolve (tipo malha entrelaçada) o segundo fio de forma a brindar o mesmo: fica este protegido contra os parasitas e perdas eventuais. Existem dois tipos de coaxial : os cibistas são cheios de imaginação e chamam-nos de “fino” e “grosso”. De facto chamam-se RG 58 ( o fino ) e RG 213 ( o grosso). O mais fino normalmente destina-se mais a instalações móveis. Pode, também, ser usado em instalações fixas sem qualquer problema. O cabo fino está mais sujeito a perdas que o “grosso”. Este está mais vocacionado para estações de base, pois a sua blindagem é melhor e menos sujeito a perdas devido ao próprio comprimento do cabo a ser utilizado. Nas estações de móvel, normalmente, não são precisos mais de dois metros de cabo. Já nas bases são precisos sempre muitos mais. Aos novatos lhes alertamos que não montem a estação com outro cabo que não estes que aqui indicamos. Não é o primeiro que monta com cabo de TV e os resultados não são nada satisfatórios. O comprimento do cabo não pode ser de qualquer maneira. Para uma boa regulação das estacionárias, o cabo deve respeitar as seguintes medidas: 1.82 metros, 5.46 m, 9.10 m, 12.74 m, 16.38 m, 20.02 m, e assim sucessivamente ( múltiplos de 3.64 metros ). Para os acessórios que queira introduzir na instalação devem os “chicotes” ter cerca de 90 cm.

FIXAÇÃO DAS ANTENAS DE MÓVEL – É possível montar a antena em qualquer ponto da viatura, mas é preciso ter em conta que os dois sítios ideais são em primeiro o tejadilho e em segundo o porta-bagagens. A antena deve ser montada verticalmente, pois é esta a sua polarização e com bom contacto com a massa do carro. Para as viaturas de cinco portas existem nos revendedores de material CB alguns suportes especiais para fixar a antena à porta da “mala” e às goteiras caso as tenha.

AS ANTENAS MAGNÉTICAS – Têm por base um prato cilíndrico no qual se encontra um íman potente. Basta colocar o conjunto no meio do tejadilho para que ele se agarre solidamente. Mesmo a 300 kms/h, o deslocamento do ar não pode fazer mexer o conjunto. Este tipo de antena põe vários problemas. A massa não está directamente ligada ao cabo, porque a parte inferior do íman não toca directamente a chapa do carro mas sim a pintura do mesmo. A massa, assim, é feita por proximidade e não de forma directa. Por isso cada vez que põe a antena no tejadilho da viatura convém que seja sempre no mesmo sitio ou terá que regular a antena cada vez que a monta. No entanto estas antenas são bem práticas, especialmente se não tiver muita vontade de furar o tejadilho do carro ou não tenha onde montar um dos suportes atrás referenciados.

MONTAR UMA ANTENA DE BASE – As antenas de base destinam-se a equipar as estações fixas (estabelecidas com permanência). Dentro deste tipo de antenas existem as antenas de fixar no telhado ( tipo ground-plane ) e as de varanda ( do tipo passo-em-frente). O local de montagem é extremamente importante: em primeiro lugar montar o mais possível afastado das antenas de televisão ou acima destas. A distância mínima das antenas de TV deve ser superior ao comprimento de onda da antena CB a ser montada, isto é, uma antena de CB com 1/2 de onda deve estar a mais de 5,5 metros de distância da antena de TV, pelo menos. Quando montadas acima das antenas de TV mais próximas o risco de interferência é quase nulo. De qualquer das formas não facilite. As antenas devem ser presas a um tubo de ferro galvanizado (para prevenir a corrosão do mastro) que deve estar bem fixo à parede. Caso seja necessário e caso a antena esteja montada sobre um mastro demasiadamente comprido, deve-se reforçar a fixação do mesmo com cabos de aço (do tipo usado nos estendais de roupa). Note que a firmeza da instalação da antena deve ser a maior possível para que à mínima rajada de vento a antena não venha “parar cá baixo”.

A TOMADA DE TERRA – Toda a antena deve, desde que seja possível, ser ligada à terra. Tem dois objectivos: o primeiro é que ajuda a regular a T.O.S., segunda e mais importante, pode diminuir as consequências da queda de um raio na antena. Não se assuste porque as probabilidades são muito reduzidas, mas pode acontecer. O material necessário é uma estaca de terra com pelo menos um metro e fio de terra de secção suficiente. A estaca deve ser enterrada no chão e o fio de terra ligado a ela e ao mastro da antena. Não ligue a antena à terra do sector eléctrico da casa. Use uma instalação de terra só para a CB.

VERIFICAR A QUALIDADE DAS SOLDADURAS DOS CABOS – Agora que temos o material para a montagem da antena vamos verificar as soldaduras das tomadas PL com a ajuda de um ohmímetro. Seria frustrante colocarmos a antena no mastro e esticarmos o cabo até ao interior da casa e termos de desfazer tudo porque uma soldadura ficou mal feita. Além do mais a qualidade do trabalho efectuado nunca é demais.

AS ONDAS ESTACIONÁRIAS – O emissor envia um sinal eléctrico (HF) e este transforma-se em ondas hertzianas. Assim a antena liberta na sua vizinhança um fluxo de ondas electromagnéticas cuja propagação deve cobrir uma zona idealmente extensa. Infelizmente , a antena não é um bom “transformador” e pode tornar-se, se não se é cuidadoso, num agente de deterioração para o emissor. Imagine uma mangueira de rega com a água a correr. Se tapar a extremidade da mangueira e não a deixar sair livremente, esta provavelmente irá inchar até rebentar. Em CB produz-se um fenómeno semelhante: se a antena não difundir a totalidade da potência enviada pelo emissor, é parcialmente reflectida para o seu ponto de partida, e pode , se o retorno for abusivo, danificar gravemente o circuito de saída do aparelho. Emitir nestas condições é um autêntico “suicídio técnico”.

COMO MEDIR AS ONDAS ESTACIONÁRIAS – Esta reflexão do sinal eléctrico proveniente do emissor pode ser medido com precisão. Esta medida é o calculo da taxa de ondas estacionárias. O T.O.S. mede-se à custa dum pequeno aparelho chamado T.O.S.-METRO (ver DICAS acessórios). É composto principalmente dum interruptor, dum vu-metro e dum botão rotativo, permitindo adaptar à potência utilizada. É preciso colocar o interruptor em posição “FORWARD”, passar à emissão e rodar o botão rotativo até que a agulha atinja o máximo da escala. Basta em seguida colocar o interruptor na posição de “REWIND”, sempre em emissão, para ler o valor de T.O.S. . Este valor lê-se numa escala de 1 a infinito, da qual são consideradas as 3 primeiras unidades, valor limite sobre o qual é bastante perigoso emitir.

T.O.S. LIDAENERGIA TRANSMITIDA (%)ENERGIA PERDIDA (%)RECOMENDAÇÃO
11000Óptimo. Emita
1.2973Óptimo. Emita
1.5964Óptimo. Emita
1.7937Óptimo. Emita
2.38416Evite Emitir
37525Evite Emitir
46436Não Emitir
5.65149Não Emitir
93664Não Emitir
191981Não Emitir
Infinito0100Não Emitir

COMO REGULAR A ANTENA – Em geral, as antenas de móvel e antenas de base são reguladas, modificando o comprimento do elemento irradiante. Nas de móvel trata-se de uma pequena haste situada no vértice do elemento irradiante, prevista para ser introduzida no corpo da antena. Por vezes, a regulação opera-se na base , da mesma maneira. Em fixo, o elemento irradiante é composto de vários elementos telescópios. Normalmente é o ultimo elemento ( o de topo) que é usado na sua regulação. É impossível dar a cada um, um método a seguir. É preciso efectuar numerosas tentativas antes de conseguir uma boa regulação. Podemos, no entanto, dar uma indicação de como o fazer:

CASOSCANAL INFERIORCANAL MÉDIOCANAL SUPERIORREGULAÇÃO
1º CasoTOS elevadaTOS médiaTOS fracaAumentar
2º CasoTOS fracaTOS médiaTOS elevadaDiminuir
3º CasoTOS médiaTOS fracaTOS médiaÓptima

Neste momento, todos os cibístas já ficam avisados da necessidade de uma boa regulação bem como do controle da T.O.S. com regularidade. As condições atmosféricas como a chuva, vento, geada e nevoeiro podem, temporariamente, alterar o valor das estacionárias. Por norma não é nada de preocupante. A proximidade excessiva de edifícios, arvores e outros obstáculos podem de igual forma ter influência na taxa de T.O.S. . Sem contar com os riscos de curtos-circuitos no cabo ou a interrupção do mesmo que podem levar o valor de T.O.S. a atingir o infinito e provocar a destruição do emissor.

AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA MÁ REGULAÇÃO – Além de pôr em risco o emissor, uma má regulação de T.O.S. pode ser uma fonte regular de diversas perturbações. A televisão pode sofrer com isso, bem como gravadores, postos de rádio e cadeias de alta fidelidade da vizinhança. O T.O.S.-metro deve ser um acessório indispensável em cada estação pois o seu uso deve ser regular e frequente.

OS PRIMEIROS PASSOS – Agora que a estação está montada e verificada, é de a pôr em funcionamento. Recomendamos que leiam o capitulo “REGRAS DE TRÁFEGO” e façam uso da estação segundo as recomendações lá descritas. Não tenham pressa em falar, o que é de esperar se pensarmos que a CB é um meio de comunicação. A CB como outros “hobbyes” exige uma certa prática antes de oferecer todos os seus prazeres. A primeira dificuldade com que todos os novos cibistas se deparam é o medo do microfone. A melhor forma de combater esta dificuldade, de que sofre cada iniciado, é progredir lentamente e por pequenas etapas, para se familiarizar melhor com a comunicação rádio. É inútil precipitar-se sobre um micro sem saber como o fazer. Pode correr o risco de ser mal interpretado e de ser posto de parte pelos outros cibistas. Não se pede que seja logo um especialista em rádio mas sim que respeite algumas regras simples. O resto vai com o tempo e, certamente, com a ajuda e compreensão dos cibistas mais experientes.

APRENDA OUVINDO – Escutar as conversas das outras estações e como elas “se movem” na frequência não é uma indiscrição em CB. É um meio muito importante de aprendizagem. É prática na CB a “escuta atrás da porta” e os cibistas sabem disso e nada podem fazer para alterar.

FINALMENTE A PARTICIPAÇÃO – Chegou o grande momento: o de projectar a vossa voz no espaço graças ao milagre da emissão “rádio”

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